Você já ouviu falar sobre as Principais Síndromes Geriátricas, também conhecidas como os 7 “Is” da Geriatria? Ficou curioso (a)? Leia e fique por dentro desta temática tão importante na questão da saúde pública e que causa grande impacto nos gastos e gera diversas demandas (de natureza social, jurídica, relacionada à saúde, etc). Esta temática, também, evidentemente, deve ser muito considerada durante a prestação de cuidados para uma pessoa idosa.
Antes de falarmos sobre cada uma dessas síndromes, vamos explicar o principal motivo pelo qual se dão. A saúde do idoso está intimamente associada com a sua funcionalidade global, que pode ser entendida como a capacidade de cuidar de si mesmo. Isto só acontece quando a pessoa idosa consegue funcionar sozinha (ainda que tenha doenças)
Para que funcione sozinho, o idoso precisa ter um harmonioso funcionamento entre a cognição (capacidade intelectual de captar, gerar, armazenar, interpretar, lidar e trabalhar as informações do dia-a-dia), humor (motivação necessária para processos mentais), mobilidade (capacidade de se deslocar) e a comunicação (capacidade de se comunicar com outros).Estesquatro domínios funcionais são fundamentais e determinam a saúde da pessoa idosa.
Quando esses domínios funcionais não funcionam de forma harmoniosa, têm-se um desequilíbrio (perda dessas funções) que resulta nas síndromes geriátricas que serão abordadas neste artigo, sendo elas: Incapacidade Cognitiva, Incapacidade Comunicativa, Incontinência Esfincteriana, Instabilidade Postural, Imobilidade, Iatrogenia e Insuficiência Familiar.
Incapacidade Cognitiva
A Incapacidade Cognitiva acontece quando há um comprometimento das funções cognitivas do indivíduo, de forma a, necessariamente, prejudicar sua funcionalidade, ou seja, esse comprometimento deve impactar o funcionamento de um idoso. Quando não há comprometimento leve da cognição e não há prejuízo na funcionalidade, denomina-se . As principais causas da incapacidade cognitiva são: depressão, delirium, demência e doenças mentais (como, por exemplo, a esquizofrenia). As duas primeiras são causas reversíveis e as duas últimas irreversíveis. É importante dizer que, para que se verifique o prejuízo da funcionalidade, existem formas corretas e padronizadas. O desempenho nas Apode ser mensurado nas escalas de Katz e de Lawton-Brody, respectivamente.
Incapacidade Comunicativa
Podendo ser entendida como um comprometimento na capacidade de se comunicar, a incapacidade comunicativa gera um impacto muito grande na vida do idoso. Todos sabemos que a comunicação é um elemento fundamental na vida de todo ser humano. Esta compreende cinco áreas distintas: linguagem, audição, motricidade oral, voz (fala) e, também, a visão (que atua mais como função compensatória, diante da ausência das outras habilidades da comunicação oral-verbal).
Perder a capacidade de se comunicar, sem dúvidas, prejudica enormemente a vida do idoso. Este prejuízo pode levar o indivíduo à perda de sua independência e ao sentimento de não estar conectado com o meio em que esteja inserido. Isto, ainda, pode ser um grande motivo de frustração para a pessoa idosa e resultar na perda ou restrição de sua participação social e de sua autonomia e independência.
Incontinência Esfincteriana
Provavelmente, você já deve ter ouvido falar sobre pessoas que perdem urina de forma acidental, não planejada. Esta perda involuntária é denominada incontinência urinária. Esta pode ser de (1) estresse, (2) urgência, (3) mista e (4) transbordamento (quando ocorre por conta de um gotejamento e/ou contínua perda associada ao incompleto esvaziamento vesical).
Para além da incontinência urinária, existe, também a incontinência fecal (que já se explica por si só). Ressalta-se que o idoso com incontinência esfincteriana pode sofrer com a limitação de sua participação social, uma vez que esta é uma situação que pode causar constrangimento e insegurança.
Instabilidade Postural
Instabilidade Postural é um significativo prejuízo causado na mobilidade de um idoso, que afeta diretamente sua independência e pode leva-lo a ter consequências gravíssimas. Dentre estas, a queda, tão temida, principalmente quando se trata do indivíduo idoso, por, por exemplo, poder leva-lo à fratura de fêmur (que apresenta elevada morbimortalidade entre os idosos).
O medo de cair novamente é a complicação mais frequente entre idosos que caem. Esta condição pode complicar ainda mais a situação do idoso, já que pode fazer com que este não deambule novamente e, consequentemente, fique limitado (restrito) à cadeira ou ao leito, impactando diretamente na sua condição física. No contexto da instabilidade corporal, o equilíbrio corporal (que se dá por meio da integração entre informações sensoriais captadas pela visão, sistema vestibular e propriorreceptores) tem papel fundamental. Mantê-lo em posição bípede (dois pés) é imprescindível para que se possa manter a estabilidade postural.
Imobilidade
Embora existam muitas definições para imobilidade, é válido dizer que esta se associa estritamente com o deslocamento no espaço e pode ser entendida como toda e qualquer limitação do movimento (tendo gravidade variável e, geralmente, progressiva), que, evidentemente, causa um grande impacto no bem-estar e na qualidade de vida. A síndrome de imobilização ou da imobilidade completa (grau máximo da imobilidade) leva o indivíduo idoso à total dependência (por conta da perda progressiva de funções de todos os sistemas fisiológicos), fazendo com que este necessite de cuidados em tempo integral, por, por exemplo, apresentar grandes prejuízos cognitivos, lesões por pressão, incontinência urinária e fecal, etc. Esta fase pode ser a consequência (resultado final) de muitas doenças que assolam os idosos.
Iatrogenia
A Iatrogenia representa todo malefício e alteração patogênica causados por profissionais da área da saúde. Deve-se buscar evitar esta síndrome em idosos, por estes serem mais vulneráveis às reações adversas aos tratamentos (sejam eles medicamentosos ou não, relacionados à polifarmácia, às drogas, etc).
Quando se tem uma ou mais das seguintes condições, pode-se considerar que os idosos estão sendo condicionados à iatrogenia: iatrofarmacogenia (polifarmácia, interação medicamentosa, uso frequente de medicamentos, etc), internação hospitalar (expõe o indivíduo ao maior risco de infecção hospitalar, lesões por pressão, etc), iatrogenia da palavra (relacionada à falta de conhecimento de técnicas de comunicação, por exemplo, na comunicação de más notícias), iatrogenia do silêncio (resultado da dificuldade de ouvir adequadamente não só o indivíduo, mas, também, sua família), subdiagnóstico (caracterizada por ser o resultado da tendência de atribuir à idade todas as queixas do idoso), cascata propedêutica (quando ocorre a solicitação de exames de forma desnecessária, extensiva e sem indicação precisa), distanásia (prolongamento artificial da vida por causa de alguma condição irreversível, gerando sofrimento tanto no indivíduo como na família), prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica (exposição que leva a pessoa ao risco desnecessário) e iatrogenia do excesso de intervenções reabilitadoras (presente quando há “excesso de equipe interdisciplinar”).
Insuficiência Familiar
A aspecto sociofamiliar é vital na vida de uma pessoa idosa. Por isso, prejuízos nesse aspecto podem comprometer significativamente a vida de um idoso. A família é a principal responsável por prover apoio social à pessoa idosa, de forma a suprir todas as suas necessidades. Muitas vezes, o aspecto sociofamiliar é defasado ou inexistente, causando um grande comprometimento da saúde do indivíduo idoso. Não é mais algo atípico vermos pessoas idosas sendo abandonadas, sofrendo maus-tratos, padecendo por falta de cuidados, etc. Entretanto, gostaríamos de ressaltar que nem sempre a insuficiência familiar acontece por descaso ao idoso, pois ela pode ser, também, resultado da intensa transição demográfica que o mundo vem sofrendo.
Se você sabe de algum caso onde uma pessoa idosa tenha sido abandonada ou esteja sofrendo maus-tratos, denuncie. Você pode entrar em contato com a Polícia Militar (190) e com o Ministério Público. Você pode ajudar a sociedade a ser melhor e a garantir uma vida digna para aqueles que, de alguma forma, sofrem maus-tratos, violência (física, social, financeira, etc), ameaças, abandono e descaso. Segundo o Estatuto do Idoso, é dever da família, da sociedade e do Estado garantir uma vida digna à pessoa idosa. Faça a sua parte, enquanto ser humano e cidadão! Não seja omisso (a)! Contribua para uma sociedade melhor. Denuncie.
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Equipe Human Life.